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Foi no ocidente que a história do café ganhou o seu charme, pois a sua chegada na Europa foi marcada por embates políticos e e romantizada em uma das composições de Bach. A bebida chegou em 1615, em Veneza, por Botteghe del Caffè, um dos pontos responsáveis pela propagação das técnicas de torra e moagem do café. Tratada como especiaria e artigo de luxo, a semente negra teve muitos entraves até a sua popularização no lado europeu.
Associada à música e a encontros sociais, a nova droga do oriente desagradou os religiosos. Na época, a Europa vivia conflitos como, a Contra-Reforma, que queria consolidar novamente o cristianismo católico. Por ser uma bebida de país muçulmano, o café era considerado herege. Para tentar amenizar os embates, o Papa Clemente VIII (1536-1605) até propôs que a bebida fosse batizada com o intuito de torná-la cristã.
Os questionamentos controversos, sobre a planta serviram de inspiração para Johann Sebastian Bach. Como resultado, pela admiração ao café, o músico compôs, em 1732, a Cantata do Café. Alegre e fora dos padrões religiosos, a composição apresenta uma história de amor, que exalta as qualidades da bebida.
O aumento do consumo do café teve também restrições mercantis, afinal, os comerciantes de vinho e queijo, acreditavam que a bebida era uma concorrente que atrapalharia suas negociações.
Quando o café chegou na Prússia, o rei Frederico, o Grande (1712-1786), também tentou impedir. No entanto, ele percebeu rapidamente que poderia tirar proveitos da popularidade da bebida. Ele, então, criou planos ambiciosos que visavam a monopolização do comércio do produto na região. Uma das metas estabelecidas era ter uma produção da planta no país.
Mas quem inventou o café moderno?
Felizmente, os esforços que se opunham a popularização da bebida foram em vão. Por volta do séc. XVII, conforme florescia o Iluminismo e se planejava a Revolução Francesa, as cafeterias começaram a se desenvolver, juntamente com os ideais que transformariam o período. Assim, a história do café começava a ganhar forma.
O aumento do consumo da bebida fez nascer a necessidade de processos mais ágeis para a produção de uma boa xícara de café. Enquanto a Europa vivia o início da Revolução Industrial (XIX), os cientistas começaram a estudar possibilidades de produzir café em máquinas a vapor.
Foi Angelo Moriondo, em Turim ( Itália – 1884), quem criou um dos primeiros protótipos que dariam origem a máquina de café. Seu engenho havia sido planejado para reduzir o tempo de produção de cervejas, mas aparentemente, o processo era semelhante. Quando a máquina era acionada, uma caldeira de água era aquecida e o líquido quente era levado até um duto com borras de café, e então, essa solução era levada até uma outra caldeira e o café estava pronto.
Em 1901, Luigi Bezzera (Milão) revolucionou a forma como a bebida seria produzida. Foi ele o responsável pela invenção que, além de agilizar o preparo do café, introduzia o líquido direto em uma xícara. Bezzera aperfeiçoou a máquina criada por Moriondo, introduziu um porta-filtro, compartimentos para os grãos e outras inovações. Notadamente, a máquina rudimentar do cientista italiano era capaz de produzir em segundos uma xícara de café.
Depois disso tivemos muitas evoluções, tantos nas máquinas como em moedores e demais métodos de preparo.
Não existiria tanta história do café, se não existissem as cafeterias. Assim, a Turquia marca grande importância nessa trajetória. Pode-se dizer que o país foi responsável pela difusão da bebida no mundo, uma vez que criou em 1475 a primeira cafeteria: o Kiva Han.
Com a inauguração do espaço, o café ganhou também um caráter social. Esse conceito popularizou-se em 1574, quando as cafeterias de Cairo e Meca viraram referência para artistas e poetas.
A excentricidade e o apelo exótico dos produtos do Oriente, já eram alvo de interesse dos comerciantes do Ocidente. Desde então, a expansão da “bebida preta”, tão apreciada pelos árabes, despertava também o interesse de cientistas. Conforme ela se apresentava para o mundo, aumentaram os estudos sobre as propriedades da planta.
Uma das primeiras publicações foi feita pelo botânico veneziano, Prospero Alpino (1553-1616), professor da Universidade de Pádua. Nos livros, ele reuniu relatos científicos sobre o café.
Embora a planta tenha origem africana, foi no Iêmen, região oeste da Arábia, que ela começou a ser cultivada. A história do café, aliás, começa pela criação do nome, que tem origem árabe. Lá a planta era conhecida como Kaweh e a bebida foi denominada como Kahwah ou Cahue, que significa Força.
A produção comercial do café também ficou restrita ao Iêmen por um bom tempo. O produto já demonstrava o potencial econômico, em meio ao desenvolvimento da política mercantilista. As características estimulantes e a possibilidade de apresentar novas drogas, que fossem também consideradas mercadorias competitivas, despontava como uma oportunidade.
Na época, a bebida era consumida principalmente por monges em rituais religiosos pois, os auxiliavam durante as noites de reza e vigília noturna.
Afinal, era um produto que estava de acordo com os princípios do Alcorão, que condenava o consumo de bebidas alcoólicas.
Conhecida também como, vinho da arábia, o café ganhou escala comercial no séc. XIV, na região de Moka, principal porto do Iêmen, que foi responsável por um dos maiores cultivos do produto no mundo árabe. E o seu porto, o maior exportador.
Há diversos capítulos da história do café para serem contados, afinal, ele deixou registros importantes pelo mundo todo. Não é a toa que o café constituiu-se como um hábito cultural.
No entanto, até a sua chegada ao Brasil, muita coisa aconteceu. Lendas, intrigas políticas, conflitos sociais e outros fatos polêmicos marcaram a trajetória do grão pelo mundo. Cada país deixou um legado para a bebida. São muitos anos de história. Vale a pena conhecer.
O Café e a Lenda Etíope
Não existem registros oficiais sobre a origem do café. Sabe-se, entretanto, que se trata de uma planta nativa das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária).
Segundo uma das lendas, foi um pastor etíope, denominado Kaldi, quem percebeu que havia algo diferente nas plantas da região. Ele havia alimentado suas cabras com arbustos e folhagens que tinham um fruto amarelo-avermelhado e notou que os animais ficaram mais animados e com energia, a medida em que mastigavam os frutos.
Intrigado com o comportamento de suas cabras, ele levou uma amostra da planta para um monge. O religioso, inicialmente, não aprovou e a denominou como “o trabalho do diabo”. A segunda chance foi dada depois que as plantas foram jogadas na fogueira e os monges sentiram o aroma dos grãos torrados.
Já uma outra versão dessa história do café, conta que quando Kaldi levou as sementes ao Monge. O religioso, logo demonstrou curiosidade e decidiu preparar uma infusão com as plantas e frutos. Assim que consumiu o preparo, ele comprovou que as plantas causavam uma certa agitação. Considerando os efeitos positivos, o monge passou a consumir o preparo dos frutos avermelhados nas noites de reza.
Alguns registros afirmam que o consumo de café começou por volta de 575 d.C. – mesma época das lendas sobre a origem do café -, nessa época os etíopes alimentavam-se do fruto. Aparentemente, a polpa era consumida nas refeições. Ela era macerada ou misturada em banha. Com os frutos também faziam suco, que fermentado se transformava em bebida alcoólica. Suas folhas também eram mastigadas ou utilizadas no preparo de chá.
Receita de café? Pois é. Tem proporção certeira e técnica para ele sair sempre bom. Ah, melhor ainda se der para investir num bom pó de café.
Ingredientes
- 10 colheres (sopa) de pó de café
- 1 litro de água filtrada
Modo de preparo
- Coloque o filtro de papel no coador e encaixe sobre uma jarra ou garrafa térmica.
Coloque a água num fervedor e leve ao fogo médio para aquecer. Atenção: não deixe a água ferver, assim que começarem a subir as primeiras bolhinhas desligue o fogo – se a água estiver muito quente pode queimar o pó e deixar o café amargo em excesso. - Regue um pouco da água quente sobre o filtro sem o café – é bem pouco mesmo, apenas para aquecer o filtro e o coador e eliminar qualquer aroma indesejado do papel. Despreze a água.
- Coloque o pó de café no filtro umedecido e regue apenas a quantidade suficiente de água quente para umedecer todo o pó.
- Deixe hidratar por alguns segundos e regue o restante da água, em movimento circular para coar todo o pó por igual. Deixe o café coar sem mexer. Sirva a seguir.
Quer preparar meia receita?
Use 5 colheres (sopa) de pó de café para 500 ml de água.